
Belong Be cria instituto para ajudar as empresas de beleza independente a ter base para acelerar rumo a voos mais altos.
Quando criou a Belong Be, Simone Sancho tinha uma proposta de valor clara para o seu negócio: estabelecer uma plataforma para marcas independentes e startups de beleza na qual poderia dar a essas marcas, além de um canal de vendas, uma oportunidade de se apresentar contando sua história, demonstrando os seu diferenciais e mostrando ao mercado todo o potencial das marcas.
No plano original, as marcas que se destacassem ou apresentassem maior potencial poderiam receber um investimento da Beyond, o fundo de venture capital liderado pela empresária e que faz cheques menores (não são operações de R$ 20,30, 40 milhões), mas para empresas em estágio inicial, que ainda não alcançaram os números mínimos para atrair a atenção de investidores maiores. A fundadora da Belong Be vinha de uma longa carreira como empreendedora (foi uma das fundadoras do programa de fidelidade Netpoints no início da década passada) e executiva da área digital de empresas varejistas como a Sephora, a Puket e a Imaginarium.
Além do ponto de venda principal no Jardins, área nobre da capital paulista, a BelongBe tinha uma rede de 40 pontos estendidos. Mas, se para as marcas, estar na rede da Belong Be funcionava como uma vitrine, para Simone, o negócio era na prática uma operação de varejo tradicional, na qual ela só ganhava se os produtos das marcas expostas girassem. "Eu não monetizava com todos os outros aspectos que a operação entregava às marcas e, além disso, muitas vezes escutava reclamações das marcas por elas não estarem performando ali", lembra Simone. Quando uma colega, reconhecida profissional da área de sustentabilidade e impacto social, analisou o negócio e disse à Simone que ela tinha um negócio filantrópico, caiu a ficha de que alguma coisa precisava mudar.
O primeiro ponto, compreendido ao longo dos primeiros anos de vida da operação, é a de que não bastava oferecer às marcas independentes, um ponto de exposição e venda para seus produtos. "Não era uma questão de espaço na vitrine ou maior exposição; percebemos que a necessidade de muitas marcas era maior, em um estágio anterior ao de chegar às gondolas", explica. Ainda que essas marcas já estivessem na plataforma da Belong Be, haviam lacunas importantes relacionadas ao desenvolvimento de negócios dessas marcas, mesmo que os temas-chave para cada uma fossem diferentes.
Foi aí que o entendimento de Simone sobre o negócio começou a mudar e ela chegou em um novo modelo de negócios, o Instituto Bein, capaz de alavancar negócios para mais parceiros, ao mesmo tempo em que se mantém fiel ao propósito de impulsionar empreendedores e marcas independentes de beleza no Brasil.
O Bein funciona como um clube de empreendedores nos quais as marcas podem acessar desde uma rede de serviços, orientação e mentoria, cursos nas mais variadas áreas; até o acesso a conteúdos de negócios mais específicos e, claro, a troca de experiências entre os seus participantes. "Vimos que algumas marcas poderiam precisar de uma consultoria de imagem, outras precisam reformular os produtos para assegurar uma entrega melhor, ou fazer rebranding para criar uma proposta de valor mais adequada para buscar parceiros e o investidor certo. Outras talvez precisassem alterar itens na cadeia produtiva, incluindo insumos ou embalagens", diz a empresária, para quem, o grande propósito do instituto é ser um facilitador para o empreendedor independente. "Costumo explicar que o instituto funciona como um mapa com um guia, que mostra o melhor caminho, o atalho ou o que deve ser percorrido para se obter o melhor resultado", diz.
Neste ano, o instituto deve trabalhar com até 50 marcas aproximadamente, mas já tem a previsão de chegar a cerca de 200, 250 marcas parceiras.
O melhor desenvolvimento das marcas por meio do Instituto Bein trarão novas oportunidades aos empreendedores e à própria Belong Be, que poderá, a partir de marcas com bases mais sólidas, voltar ao seu plano original de investir e acelerar marcas com propósito e potencial. Para isso, Simone acredita que não basta estabelecer um modelo que vai acelerar outros negócios, mas sim, criar uma forma de peneirar, escolher quem vai ser acelerado, e fazê-lo de forma estratégica.
Neste cenário de aceleração de marcas independentes, a Belong Be atua em dois caminhos: organizando a vida da empresa para que ela possa escalar a produção e tornando-se parceira da marca, com uma participação na empresa; ou, investindo mais profundamente na empresa, buscando capital e, quando for o caso, injetando o seus próprios recursos na operação. O foco são os negócios menores, ainda que sem limitação de categorias de atuação ou faturamento. "Mas serão sempre negócios pequenos. "Descobrir as jóias ainda não descobertas e lapidá-las é o nosso negócio", concluiu Simone.