50+

Sem medo de se jogar e ser feliz

Helena destaca a sua habilidade em performance e o seu gosto por trabalhar a cocriação com seus times

Quando estava deixando de ser criança e entrando na adolescência, entre 10 e 14 anos, Helena Garcia de Gracia, hoje vice-presidente de vendas latam da Symrise AG, já recebia de alguns parentes um retorno positivo quanto às suas habilidades de ouvir bem as pessoas. "Eu meio que fazia o meio de campo com os meus irmãos, nos conflitos dentro de casa", diz. Já na faculdade, quando cursou administração de empresas, Helena conta que, além de matemática, uma matéria em que se destacou muito foi psicologia.

"Comecei a ver que eu gostava muito de comportamento humano, relações... uma coisa que ao longo do tempo virou a minha marca registrada são as festas que eu dou na minha casa, eu sempre investi em festas, com 20, 30 pessoas, sempre com diversidade de pessoas", conta a executiva. "Quando eu viajo também faço questão de conhecer as pessoas locais, sempre tive essa facilidade nas relações", completa.

Helena estudou na sua primeira faculdade em Taubaté (SP) e veio para São Paulo com 21 anos. "O meu primeiro emprego foi numa agência de viagem", diz. Ela entrou como caixa, mas em pouco tempo se tornou gerente.

"Foi lá que eu comecei a entender o que é ser um profissional. As viagens todas, nacionais ou internacionais, elas vinham meio que por books prontos pelas operadoras, era só pegar e vender, mas na época, nem tinha internet ainda, eu comprei um globo, aquele mapa do mundo mesmo, e eu estudava mesmo, eu vivia aquilo, pesquisava... com livros, e eu ia na casa das pessoas e fazia tailor-made presentations, já era a coisa do storytelling naquela época, eu ia de moto, juntava a família na sala, levava umas balinhas e fazia uma apresentação, contava sobre os roteiros, o que a pessoa iria viver... porque eu vendia sonhos, uma viagem é um sonho, a pessoa te entrega um dinheirão na sua mão e ela espera obter uma super experiência, uma expectativa do ano inteiro, então era uma super responsabilidade", conta.

Foi um momento maravilho. Mas prestes a se formar na faculdade, e trabalhando em vendas, ela já queria trabalhar com marketing, então ela veio para São Paulo, onde trabalhou na Folha de S. Paulo, empresa em que atuou no chamado ‘marketing de guerra’, "focado mais na competição do que no consumidor", como a própria executiva explica. "Hoje mudou muito, o marketing evoluiu", diz Helena.

Depois, Helena atuou em construção civil, pelo grupo Saint-Gobain, até chegar ao setor de beleza, na Natura, como analista de planejamento de demanda, algo ligado à fábrica, isso nos anos 90 e poucos. Sempre em busca de crescimento, um dia Helena colocou uma carta na mesa de sua chefe, Silva Cassol, dizendo que quando houvesse uma oportunidade ela gostaria de ser chamada.

"Não passou nem seis meses, ela me chamou e me convidou para ir para o marketing", conta. Helena foi trabalhar à época com a categoria com menos recursos. "Aprendi tudo sobre desodorantes, virei a expert nessa categoria, com budget zero (risos)", conta a executiva. "Depois fui para perfumaria... entendo que entrei numa escola de desenvolvimento de produtos de alta qualidade".

Helena lembra o quanto teve de oportunidade nesse momento. "Ali, você sabe o quanto o Brasil passou a ser referência para a indústria B2B internacional... começamos a fazer história na indústria brasileira, muito interessante nessa época".

O sonho não tem prazo de validade

Helena se casou duas vezes, a primeira vez com quase 30 anos, e resolveu não ter filhos. Ela tem apenas um Golden. "Fui muito cobrada por isso, inclusive nas empresas, por não ‘ter um padrão’ familiar", conta. "Senti muito o machismo, em alguns lugares, inclusive pelas mulheres. Eu era fora da curva do ponto de vista do padrão (familiar), mas eu era muito acima da curva do ponto de vista da performance", afirma.

Quanto a ter chefes mulheres, Helena conta que as mulheres líderes talvez eram até mais duras que os homens. "Nunca tive dificuldades em ter chefes mulheres, mas tive de trabalhar muito e provar muito para poder me destacar entre os homens", conta. Algo eu ela compara ao que mães possam fazer, de colocarem muito à prova as mulheres.

Estar acima dos 50 anos, também já não é mais um problema. Na visão de Helena, o importante é cuidar muito da saúde, da cabeça e estar sempre atualizada, agregando, para estar no cenário do trabalho. "Não podemos nos deixar levar por essa questão do etarismo, não, o que nos engaja é a mentalidade, a maneira de você pensar", afirma. "Hoje a indústria tem muitos casos assim, de trazer a diversidade nas idades, trabalhando juntas, sem preconceitos. A pessoa produtiva é uma pessoa com a cabeça legal, e a experiência conta muito".

Helena sempre trabalhou no Brasil, mas confessa que ainda está aguardando convites para o caso de seguir uma carreira internacional. "Acho que essa etapa que eu ainda vou viver, eu quero viver, nunca é tarde para vivermos algum sonho", revela.

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